domingo, 28 de agosto de 2011

Face

Saiu do banho e contemplou seu corpo de gesso no espelho. Olhou para sua face e pensou: “estou ficando mais velha, essas olheiras só aumentam e essas rugas de expressão também.”



Seus olhos cansados queriam dizer alguma coisa, mas não saía nada. Nem pensamentos, nem palavras. Tinha em mente uma única música que parece que traduzia parte do que sentia. (Adele)



Direcionou seus olhos para o restante do seu corpo, e identificou algumas curvas a mais que não estavam ali. Pensou novamente: “tenho duas opções: ou acabo com essas curvas novas logo ou deixo criar mais.”



Estava num dia chato, com pensamentos, papos e ideias chatas, não queria conversar. “Saco!” – pensou. “Isso tem que mudar.”



Tinha no pensamento o consolo de que tudo passa, que tudo é somente uma fase e que amanhã é outro dia. Mas tinha na face o brilho opaco de dias cansados, de pensamentos frustrados, de diplomas não conquistados, de aniversários se aproximando, de abraços não ganhados, de dias não vividos, de alegrias perdidas.



Lembrou de uma frase de um amigo: “...estou sem direção”.



E ela continuou. Sem esquerda, nem direita.

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