sábado, 24 de dezembro de 2011

E Deus

4 comentários

Depois dos sete dias, Ele viu que era bom. Mas ainda não satisfeito com isso, derramou sobre a terra a magia do Natal. Fez do nascimento do seu filho um acontecimento de paz e de energias boas a contagiar as pessoas.

E Deus ficou feliz, soltou um largo sorriso e abriu seus braços como num gesto de dar um abraço em várias pessoas ao mesmo tempo.

A beleza estava criada, seu filho estava ali e a energia boa pairava no ar. Não importava a mirra e o ouro de presente, mas sim a presença, as pessoas, o abraço, o carinho e os amigos, que por definição, era algo fraterno sentido ali, naquele momento.

Então hoje, nesse momento, é tempo agradecimento, de rezar em agradecimento á vida. Um brinde então ás energias boas, aos sorrisos, a saúde, a saudade, a família, a fantasia, ao nascimento, aos amigos, aos abraços.

Feliz Natal pra quem leu, pra quem sentiu, pra quem ouviu e pra quem brindou a vida.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Naquele tempo

0 comentários

Sou do tempo em que brincar de carrinho e soltar pipa era a diversão de meninos e meninas. Naquele tempo, era divertido soltar “jiriquinho”, andar de bicicleta e ver desenhos bobos na televisão.

Sou do tempo em que ganhar as coisas era difícil, porque não tinha como ser diferente devido aos tempos difíceis dos meus pais.

Naquele tempo, era divertido se reunir aos finais de semana com a família e falar sobre coisas simples, pois não se pensava muito em ter, e sim em ser.

Sou do tempo em que bolos e pães eram feitos a mão, assados no fogão á lenha e que arroz e feijão eram os pratos da casa, receitas do chef.

Naquele tempo, as crianças não pediam computador, notebooks, celulares e essas modernidades de natal. Ás vezes, um brinquedinho de madeira simples, já era suficiente.

Sou do tempo em que admirar arco íris no fim de tarde era (e continua sendo) lindo, e que ver o sol se pôr era um espetáculo.

Hoje, nem sei se existe mais pipa, ou aquelas brincadeiras de criança que já existiram um dia. A tradição perdeu seu espaço para a modernidade, e não sei bem até onde ela pode chegar. Hoje, as coisas estão mais fáceis, não existe mais luta, mais garra pra conseguir alguma coisa, porque sempre há um aval mais fácil para que seja feito.

Hoje, o prato do chef são receitas francesas, árabes e as mais requintadas possíveis. (não que não sejam boas, mas há sempre um espaço para as mais simples).

Sou do tempo em que existiam coisas simples para serem admiradas, que a modernidade não importava tanto, que companhias eram valorizadas, que não importava tanto a beleza, mas sim o caráter, a competência, esses valores que a gente cresce com eles.

Acho que é por isso que sou tão careta.



sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Chorar

1 comentários
Títulos tomaram meu nome
Mortes e vidas ganharam lugar
De um amor senti fome
E nada disso me fez chorar

Dinheiro tornou-se tabú
A doença entrou no meu lar
Me persegue o belzebu
E ainda assim não me pus a chorar

Estranhos me lançam as mãos
Companheiros me lançam ao mar
Amigos retornam mais sãos
E minha face ainda sem chorar

Nisso tudo me pergunto
Fico feliz ou devo me preocupar
Com esse jeito de defunto
Por que não consigo chorar?

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Noite Fria de Verão

2 comentários

Andou apressadamente até o parapeito da cobertura, e lá encostou seus ombros. Pôs as mãos no rosto e começou a segurar o choro. O vento frio ficava forte, e anunciava chuva. Uma música tocava em algum carro no quarteirão, e era possível ouvir vozes felizes vindas da rua. Observava as vista. As luzes das casas e dos postes ficam mais vivas e bonitas quando os olhos estão úmidos. Suspirou fundo e procurou esvaziar a mente. Seus sentidos se aguçaram e podia sentir seu corpo se acalmando. Podia ouvir o som das vozes de seus pais vindo da casa abaixo. Suspirou mais uma vez e pensou que precisava de alguém, mas quem? As pessoas que conhecia naquela cidade não teriam tempo para ouvir seus problemas. Era sexta-feira e todos estavam preocupados em se divertir. Ele também queria se divertir, sentia uma grande necessidade de sair para beber e se dar risada como sempre fizera, mas não se sentia à vontade para fazer isso. Pensou em alguns amigos, mas nenhum deles moravam ali. Para uns não havia créditos no celular para fazer ligações, outros ele sabia que não o atenderia, outros não o entenderiam...ficou frustrado. Precisava sair, conversar, chorar um pouco, confessar seus medos, seus segredos, suas mágoas, mas não havia como isso acontecer.

O vento ficou mais forte, e seus sentidos também. As vozes, a música, os risos, as luzes, o vento, as nuvens, estavam sufocantes! Algo como repreensivo. A mágoa colocou a mão em seus ombros e lhe disse ao ouvido: “veja como está só, desgraçado!” As lágrimas tornaram a querer sair.

Mais um suspiro forte, e a sanidade o recompôs: “Você está aonde você se colocou”, “Você é fruto de suas próprias atitudes”. Onde foi que ouvira aquelas frases? Isso não vinha ao caso, o importante é que se trata de verdades. Estava se deixando levar por uma maré de ódio e tristezas. Acontecimentos marcantes e horríveis o perseguiam, e ele não sabia como se portar diante de tudo isso. Até aquele momento era uma criança, preocupada com seus sonhos e vaidades. E agora, diante de uma situação crítica, dentro de um labirinto, não sabia para onde ir, nem o que fazer. Estava só.

Estava só em seus sentimentos, estava só naquele local, estava só naquele labirinto. Começara a perceber que a vida não é como nos filmes, ela não vai melhorar quando você acordar num dia ensolarado. Ninguém irá lhe ligar ou enviar mensagens só por que você acabou de sair do banheiro com a cara inchada de tanto chorar, e não existe um desconhecido especial que se interesse em lhe ouvir numa mesa de bar. Não virá um herói e lhe salvará no momento em que tudo depender de você mesmo, e as coisas não vão se ajustar milagrosamente quando você gritar “já chega!”. A vida não é fácil. A vitória não é fácil. Há de se lutar muito, de se envelhecer e amadurecer muito até se atingir o entendimento maior sobre as coisas.

Decidiu descer e tomar banho. Largaria todo aquele cenário de filme brasileiro, e voltaria à sua realidade, às luzes amareladas de sua casa, à água quente de seu chuveiro, e à morbidez de seu quarto. Precisava refletir, pois havia muito a se aprender, em questão de compaixão e aceitação. Uma coisa de cada vez – foi o que seu pai lhe falara mais cedo, naquele dia. Primeiro pensaria sobre isso (compaixão e doação), depois, se sobrasse tempo, pensaria em sua vida.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sangue

1 comentários


Hoje, dia mundial da luta contra a AIDS, gostaria de escrever sobre o sangue. Sim, o sangue! Esse que corre dentro de nós e ferve quando telefonamos para as operadoras de celular, mas gela quando vamos ver o resultado do vestibular. Que acelera nosso coração à velocidade de um trem bala quando vemos “aquela pessoa”, e flui calmamente quando nosso projeto é aprovado junto à diretoria. Que nos entrega ao constrangimento envermelhando nossos rostos, e estufa nossas veias quando fazemos muito esforço.

O sangue, coitado, é um dos quais judiamos constantemente durante nossa rotina, muitas vezes sedentária e gordurosa. Ele precisa fazer grande esforço para arrastar para o lugar certo toda aquela graxa que ingerimos, implorando que tenhamos consciência (para com nós mesmos) de comer coisas mais leves e saudáveis.

Além de fazer o serviço de burro de carga, o pobre sangue também se embriaga com as bebidas que ingerimos em nossos happy hours e festas em geral. E no outro dia, enquanto estamos prostrados em nossas camas, é esse trabalhador avermelhado e incansável que luta agilmente para nos manter bem. E o que damos em troca? Muitas vezes nem sequer pensamos que precisamos cuidar tão bem de nosso sangue quanto de nossos dentes. Tem gente mais preocupada com os cabelos e se esquece desse líquido vital correndo pelo corpo.

Para muitas pessoas o sangue é um tema delicado, pois é a linha tênue entre a vida plena e a enfermidade. Infelizmente alguns tem suas vidas comprometidas por sessões constantes de filtragem de sangue, outros o tem numa quantidade limitada e precisam ser atenciosos. Mas felizmente uma grande maioria possui abundância desse líquido e podem fazer doações.

Pior mesmo são aqueles sem consciência nenhuma da necessidade do sangue para nossas vidas, e negam a praticar um simples ato. Um ato mínimo e saudável de se prevenirem durante as relações sexuais. Usar a camisinha! Quando se utiliza a camisinha é como dizer ao sangue “eu me preocupo com você”, e usufruir da vida de forma responsável. Mais importante que prevenir contra uma gravidez não desejada e DST, a camisinha protege contra a AIDS, vírus letal para nosso organismo.

Portanto, caros companheiros, sejamos maduros suficientes para assumir compromisso nossa saúde e sermos mais responsáveis com nosso sangue. Usar a camisinha é um ato mínimo para se demonstrar o amor pela própria vida.

Doação de Sangue

Dia 25 de novembro (sexta passada), foi dia do doador de sangue. Assim como falar sobre a homossexualidade, o espiritismo e extraterrestres, a doação de sangue ainda também é um tabu para muitas pessoas, pois estas pensam que vão ser contaminadas ou que serão obrigadas a sempre doar devido à profusão de sangue decorrente da primeira doação (ou algo absurdo do tipo). Mas, como todo cidadão bem informado sabe, a doação de sangue é algo que deve acontecer espontaneamente, podendo se repetir conforme a vontade do doador, não oferecendo risco algum para a saúde do mesmo (mas obviamente se deve estar atento quanto aos procedimentos do local onde a doação irá acontecer). E dói! Dói uma agulhadinha, que dura menos de 1 segundo, e ainda é possível fazer muita diferença para a vida de alguém.