Os dias continuam nublados. A tempestade
ainda é temida. Mesmo em dias de sol, ainda é possível sentir um vento gelado.
Não são os mesmos ventos frescos de antes, mas ventos mais fortes, de gelar a
nuca. As nuvens parecem querer mostrar algo, seriam avisos ou apenas desenhos? É
difícil decifrar suas formas. Um tornado já passou, e está lá atrás daquele
morro. Poderia ele retornar e levar novamente nossos ânimos? Aí está o medo. Raios
de sol passam por alguns dos buracos acidentalmente deixados pelo emaranhado de
algodões celestes, estes raios que enobrecem as paisagens, aliviam as vistas e
o coração, lembram da existência dum motivo maior, um motivo pai, preparador de
cada gota a cair sobre o planeta, direcionando-a para molhar o devido local de
impurezas. O dia cinza acontece por motivos nobres, pois o tempo não depende do
homem, mas da natureza, e esta grande e sábia mãe mantêm as nuvens pesadas
sobre a cabeça dos povos, e encharca suas almas nos momentos mais propícios, lavando
as faces, congelando os corpos, fazendo-os tremer e ranger os dentes, e sentir
o coração palpitar ininterruptamente a vida. Mas mesmo quando as nuvens vão se
recolhendo, e os raios de sol tentam colorir um pouco o cinza predominante, os
ventos continuam gelados, o céu continua cinza. E o brilho dum arco-íris tenta
manter aquecidos aqueles esperançosos em viver novamente os dias quentes de
verão. Mas, à tarde, essas cores se desfazem e os ventos gelados voltam a
anunciar incerteza: virá uma noite tranquila de céu estrelado, ou uma noite de
turbulência e desconfiança? E vidas continuam nubladas...
sábado, 14 de julho de 2012
terça-feira, 10 de julho de 2012
Sem Inspiração
Sobre a famosa frase de se calar quando não se tem
o que dizer, sou a favor, e estendendo a ideia também à escrita, óbvio: se não
tem o que escrever, então não escreva! Ou melhor, se não tiver inspiração então
não escreva. A inspiração, essa jovem desejada, a encontramos numa noite fresca
de lua cheia, num passeio com os amigos, ou nos bares da vida. Essa amiga que
vem até nós quando nossos olhos estão úmidos, seja pela alegria ou pela falta
dela. Como uma Lolita ela nos atiça a fazer coisas loucas, e nos tira a razão.
Mas a inspiração também tem suas necessidades, e se lhe falta a emoção, ela
some por um período. Há tempos não escrevo, e gostaria muito de fazer isso, mas
como? A inspiração sumiu! Tenho tantas ideias, sobre tantas coisas, mas tem
sido difícil externar isso. E agora? Como devo começar? Muita gente alega ser fácil
escrever um texto. Basta escolher um tema
e simplesmente dissertar, como num vestibular, dizem, mas não é bem assim,
pois escrever é uma arte! Um texto não sai numa sentada na cadeira, numa série
única de movimentos de caneta, numa coreografia rápida de digitação, num
momento exato. Escrever um texto é como criar uma música, onde primeiro precisa
ser jogado no papel a letra de forma grosseira e depois conceber rimas, uma
melodia, um ritmo... Também é parecido com arte na madeira, onde de início se
tem a matéria bruta, e com o tempo vai se dando forma aqui e ali, até aparecer
uma obra. Particularmente não consigo escrever um texto de uma só vez. Não importa
o tamanho, ou o assunto, enfim, os meus textos levam tempo para serem
finalizados, e mesmo assim não ficam prontos, pois sempre que os releio tenho
vontade de mexer aqui e ali. É uma odisseia sem fim, um processo evolutivo. É a
tal da inspiração, ela é mesmo necessária. Ora, um texto nasce da fecundação da
ideia pela inspiração. Pois bem, a ideia aqui se encontra, mas a inspiração
desapareceu, e então um texto não tem como nascer. Enquanto isso, creio ser
justo valorizar as fecundações anteriores, provavelmente bem sucedidas (afinal
foi graças a elas que passei no vestibular), e portanto hei de publicar algumas
redações encontrada esses dias, numa de minhas arrumações. Algumas bobas,
outras interessantes e outras poderão gerar problemas, mas assim são todos os
resultados fecundativos e devemos encará-los.
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