segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Defeitos & Qualidades

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Pouco se fala em trabalhar qualidades. Geralmente as pessoas estão mais preocupadas em controlar (reduzir ou anular) defeitos, mas não se preocupam com as qualidades. Aliás, nunca ouvi sobre a possível existência de diferença entre se trabalhar um defeito ou uma qualidade. Mas o assunto me veio em mente, e além de ser interessante, creio ser útil também.
Quando se atua numa falha, nela todo esforço é focado, e possivelmente a importância duma virtude é deixada de lado. Por exemplo, se uma pessoa é muito nervosa, recomenda-se procurar por alguma terapia para controlar o nervosismo, ou algum meio para manter a calma (respirando fundo, imaginando algo de bom, etc). Dentro do processo deste exemplo, os talentos já existentes na tal pessoa não foram trabalhados, estão parados, estagnados.
Geralmente se desenvolve um defeito pela carência de ter desenvolvido uma qualidade. As pessoas geralmente são tão preocupadas em resolver os problemas de suas vidas, que se esquecem de suas qualidades, com isso, com o passar do tempo, aquela pessoa que era carismática o deixa de ser devido ao esfriamento da vida contemporânea cotidiana. Aquela pessoa que antes era meiga, toma o uso de palavrões e expressões grosseiras devido à convivência com pessoas rudes ou por frequentar ambientes toscos. O mesmo se pode falar de quem antes era discreto e polido, e se torna medíocre, descortês. Quem antes era dedicado e esforçado, se torna indiferente, etc.
Em suma, trabalhar um defeito é como trabalhar um efeito, enquanto trabalhar uma qualidade seria atuar numa causa. Desenvolver uma qualidade promove o melhoramento do ser, que enobrece, que cresce. É gastar tempo com algo positivo, algo que constrói. A partir disso, pode-se prevenir defeitos, e trabalhar os existentes. É como criar um escudo protetor de aflições e fraquezas. Portanto, pratiquemos o melhoramento de nossas qualidades, foquemos nelas, e a amenização de defeitos nos surpreenderá no futuro.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Tudo muda se você mudar

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Muito se fala atualmente em consciência ambiental, em proteção ao meio ambiente, derretimento das calotas polares, poluição das águas e tantos outros assuntos sobre esse tema. Mas, o que você tem feito para melhorar o seu ambiente?
Muita gente adota um discurso sobre consciência ambiental, sobre redução dos gastos de matéria prima que a natureza nos dá, mas quase ninguém coloca em prática. Dizem que a mudança começa nas pequenas atitudes e eu particularmente concordo com isso. De nada adianta adotarmos um discurso quase político e protetor sobre o meio ambiente se não vier acompanhado de ação.
Para fazermos a nossa parte e manter um meio ambiente sustentável, não precisamos aderir ONG’s, panfletar a cidade acerca do tema, e tampouco postar frases moralistas em redes sociais, que causam apenas um impacto momentâneo sobre o assunto. A atitude é simples e não ofende ninguém: basta fazermos a nossa parte, agir.
É fato que todos nós sabemos do super aquecimento do planeta, do aumento da poluição veicular e das indústrias, poluição das nascentes dos rios e a dificuldade de administrar isso tudo em meio a uma sociedade aflita por comprar, ganhar, vender e consumir.
O grande jogo, é saber administrar isso tudo juntamente com um pensamento sustentável, ou seja, sem denegrir tanto o meio ambiente. Porque afinal de contas, precisamos de dinheiro, vendas, compras e tudo aquilo que nos envolve para sobrevivermos. O problema que muita gente não pensa atualmente, é:  o que vamos deixar para nossos filhos? Como será o mundo que restará a eles?
Pode parecer um pouco demagogo, mas precisamos pensar, refletir e fazer a nossa parte. Um simples gesto, como não jogar papel de bala no chão, ou nas estradas quando estamos viajando, ou separar o lixo em coletas seletivas para levar á reciclagem, ou até mesmo reduzir o consumo de água ao tomar banho e escovar os dentes, já são fatores contribuintes para um consumo consciente.
As atitudes de empresas automotivas por exemplo, estão trocando algumas peças do motor para uma diminuição de gases poluentes, como o catalisador, responsável por transformar gases tóxicos que saem do motor em gás carbônico, nitrogênio e água. Um outro exemplo, é também a sonda lambda que mede a concentração de oxigênio nos gases expelidos pelo motor e transmite a qualidade desses para a injeção eletrônica, que controla a dosagem de ar/combustível, processando a mistura ideal. São peças componentes da mecânica do veículo, e que contribuem para a diminuição dos gases lançados na atmosfera pelos veículos automotores.*
Se as grandes indústrias já pensam e agem sobre o assunto, porque não, nós, indivíduos pensamos assim também? Agimos da mesma forma? É simples, basta pensar. É do pensamento que brota a ação.

*Dados retirados da apostila de legislação MGTran/2012, capítulo Meio Ambiente.

domingo, 30 de setembro de 2012

Agradecimento

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...então, gostaria de fazer os meus agradecimentos. Mas, eu estaria cometendo uma grande injustiça se agradecesse qualquer um no mundo que não fosse Deus. Obrigado, Deus por tudo o que o senhor me deu:
Obrigado pela diversidade de pessoas em minha volta, pelos conflitos trazidos por elas, pois isso me ensina a ser tolerante, a perceber as diferenças, e a me perceber como diferente. Pessoas estão por toda parte, sempre carregadas de mensagens e ensinamentos, de boa ou de má qualidade, e podemos perceber isso, e nos ceder, ou não. Obrigado por isso também.
Obrigado pelos meus amigos, pois mesmo distantes, sem saber do que se passa em minha vida, sempre fizeram parte da construção de quem hoje eu sou. Obrigado por conviver também com mentirosos, pessimistas, orgulhosos, preguiçosos, difamadores e invejosos, pois posso perceber o quão ridículo são estes defeitos e lutar para afastá-los a cada momento.
Obrigado por ter conhecido a fraqueza, e poder sentir pena de mim mesmo em outros tempos. Obrigado por poder reconhecer meus erros, e ter humildade de levantar minha cabeça para pedir desculpas. Sou a matéria prima e o artista em um só, e me trabalho cada vez mais, retirando tudo de mal, em busca da perfeição.
Obrigado por, nas inúmeras vezes que chorei e sofri, saber que sou forte e posso vencer, apesar de não ter amigos para me consolar. Obrigado por sempre ser orientado por sua luz, e por sempre ouvir a sua voz e sentir o seu calor.
Obrigado por cada pessoa que passa por mim; Por cada pedra que me derruba; Por cada mão que se estende, mesmo sendo ela traiçoeira; Por cada suspiro; Por cada lágrima; Por cada sorriso.
Obrigado pela minha família, pois não há tesouro maior. Os ensinamentos de dignidade e humildade que meus pais me dão, os desafios impostos pelo meu irmão, e a filosofia nua e crua transmitida pelo meu sobrinho.
Obrigado, é claro, por toda minha fortuna material. Por todas as portas, abertas e fechadas. Por todo sim, e por todo não. Por não conhecer a fome, a doença e a necessidade. Principalmente, obrigado por ser um grande guerreiro no combate à fraqueza, esse terrível mal em minha vida. Aliás, obrigado pela fraqueza em minha vida. Essa terrível vilã que me faz estar preparado cada vez mais para combatê-la, para mostrá-lo que sou maior.
Obrigado por quem lê este texto, obrigado por quem me entende, e por quem não. Enfim, sou grato exclusivamente à Deus, por me dar a oportunidade de amadurecer minha alma num mundo tão lindo, onde o livre arbítrio e a perfeição divina se caracterizam na maior escola pela qual tenho consciência de ter passado. 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

1 ANO

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Em meio ao alienamento imaterial
A ousadia toma espaço
Na escrita sem tinta
Uma exposição, um desabafo

Em cada conto, mais um corpo
A cada palavra, um movimento
Junto aos trabalhos há sempre um nu
E na coragem, um sentimento

Um contato nasceu desta viagem
Da diversão de dois amigos
Mais arte surge dos teclados
Esquecemos do medo e nos demos ao risco

Expressando e reivindicando
Homenageando e criando
Desempenhando a cada etapa
A morte de nossos crimes

1 ano, que surpresa!
Pendure os balões e abra as janelas
Muitos presentes e muitas fotos
Para um blog Em Conttrução


terça-feira, 28 de agosto de 2012

Primavera primeira e as águas que fluem

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Passei o dia pensando nas palavras certas para expressar o que eu sinto, em meio á tanta coisa acontecendo, mudando, que, no final, deu nisso. 

Volta e meia olhava a foto e pensava nas águas desse rio que corre, na vida da gente, que passa, que volta, que toca em lembranças, que faz o tempo passar. Percebi que a vida é curta, que passa rápido e que não vale a pena ficar se remoendo por coisinhas pequenas, que geram angústia ou que fazem guardar rancores.

Com um tempo que parece ter sido ontem, veja só, já faz um ano. 

É um pequeno gesto, uma maneira de nos expressarmos através de nossos textos, e em meio a entrelinhas, palavras simples e complexas, que a primeira primavera dessa nossa criação faz hoje. A inspiração veio um pouco tarde, mas a lembrança do início, da iniciativa de dois amigos, e da certeza de que seria tudo de bom está aqui. 

O que a foto tem a ver com o aniversário de um ano? Tudo. 

Tudo porque é uma pequena prova de que a vida passa rápido, como um rio que deixa suas águas fluírem naturalmente. E o que fica são as lembranças, momentos, alegrias, tristezas e feita de linhas que compõe nossa vida, por mais que seja clichê.


*Foto tirada por Bianca Mariano, em Itutinga, agosto 2012

sábado, 14 de julho de 2012

Vidas continuam nubladas

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Os dias continuam nublados. A tempestade ainda é temida. Mesmo em dias de sol, ainda é possível sentir um vento gelado. Não são os mesmos ventos frescos de antes, mas ventos mais fortes, de gelar a nuca. As nuvens parecem querer mostrar algo, seriam avisos ou apenas desenhos? É difícil decifrar suas formas. Um tornado já passou, e está lá atrás daquele morro. Poderia ele retornar e levar novamente nossos ânimos? Aí está o medo. Raios de sol passam por alguns dos buracos acidentalmente deixados pelo emaranhado de algodões celestes, estes raios que enobrecem as paisagens, aliviam as vistas e o coração, lembram da existência dum motivo maior, um motivo pai, preparador de cada gota a cair sobre o planeta, direcionando-a para molhar o devido local de impurezas. O dia cinza acontece por motivos nobres, pois o tempo não depende do homem, mas da natureza, e esta grande e sábia mãe mantêm as nuvens pesadas sobre a cabeça dos povos, e encharca suas almas nos momentos mais propícios, lavando as faces, congelando os corpos, fazendo-os tremer e ranger os dentes, e sentir o coração palpitar ininterruptamente a vida. Mas mesmo quando as nuvens vão se recolhendo, e os raios de sol tentam colorir um pouco o cinza predominante, os ventos continuam gelados, o céu continua cinza. E o brilho dum arco-íris tenta manter aquecidos aqueles esperançosos em viver novamente os dias quentes de verão. Mas, à tarde, essas cores se desfazem e os ventos gelados voltam a anunciar incerteza: virá uma noite tranquila de céu estrelado, ou uma noite de turbulência e desconfiança? E vidas continuam nubladas...

terça-feira, 10 de julho de 2012

Sem Inspiração

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Sobre a famosa frase de se calar quando não se tem o que dizer, sou a favor, e estendendo a ideia também à escrita, óbvio: se não tem o que escrever, então não escreva! Ou melhor, se não tiver inspiração então não escreva. A inspiração, essa jovem desejada, a encontramos numa noite fresca de lua cheia, num passeio com os amigos, ou nos bares da vida. Essa amiga que vem até nós quando nossos olhos estão úmidos, seja pela alegria ou pela falta dela. Como uma Lolita ela nos atiça a fazer coisas loucas, e nos tira a razão. Mas a inspiração também tem suas necessidades, e se lhe falta a emoção, ela some por um período. Há tempos não escrevo, e gostaria muito de fazer isso, mas como? A inspiração sumiu! Tenho tantas ideias, sobre tantas coisas, mas tem sido difícil externar isso. E agora? Como devo começar? Muita gente alega ser fácil escrever um texto. Basta escolher um tema e simplesmente dissertar, como num vestibular, dizem, mas não é bem assim, pois escrever é uma arte! Um texto não sai numa sentada na cadeira, numa série única de movimentos de caneta, numa coreografia rápida de digitação, num momento exato. Escrever um texto é como criar uma música, onde primeiro precisa ser jogado no papel a letra de forma grosseira e depois conceber rimas, uma melodia, um ritmo... Também é parecido com arte na madeira, onde de início se tem a matéria bruta, e com o tempo vai se dando forma aqui e ali, até aparecer uma obra. Particularmente não consigo escrever um texto de uma só vez. Não importa o tamanho, ou o assunto, enfim, os meus textos levam tempo para serem finalizados, e mesmo assim não ficam prontos, pois sempre que os releio tenho vontade de mexer aqui e ali. É uma odisseia sem fim, um processo evolutivo. É a tal da inspiração, ela é mesmo necessária. Ora, um texto nasce da fecundação da ideia pela inspiração. Pois bem, a ideia aqui se encontra, mas a inspiração desapareceu, e então um texto não tem como nascer. Enquanto isso, creio ser justo valorizar as fecundações anteriores, provavelmente bem sucedidas (afinal foi graças a elas que passei no vestibular), e portanto hei de publicar algumas redações encontrada esses dias, numa de minhas arrumações. Algumas bobas, outras interessantes e outras poderão gerar problemas, mas assim são todos os resultados fecundativos e devemos encará-los.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Em busca da felicidade

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Temos o hábito de perguntar onde está a felicidade, ou o que precisamos ter para que possamos ser felizes.
Engraçado, que, para a grande maioria das pessoas, é preciso ter para ser feliz, e não ser.
Ser no sentido de sermos pessoas melhores, com princípios, valores, sentimentos e principalmente caráter, pessoas amigas do bem e preocupadas em fazer o bem, seríamos e entenderíamos o que é realmente ser feliz.
Não é privilégio falar que hoje, vivemos um tempo de grande consumismo, e que precisamos sempre ter mais e mais coisas para suprir vontades que ás vezes nem sabemos quais são, para acabarmos num grande pote interno de nada. Isso sempre existiu, desde quando os homens aprenderam a trocar objetos por outros, até mesmo com o surgimento da moeda, em que foi descoberto o poder e a satisfação momentânea de consumir.
O problema, é que nesse meio de construção de coisas materiais, nos esquecemos de pequenas coisas, pequenos valores e palavras que farão grandes diferenças algum dia.
A felicidade por exemplo, tão cobiçada e desejada por todos, acaba por ser tornar um objeto, algo materializado, que pode ser comprado. Claro, para muitas pessoas, o simples fato de comprar algo que falta na vida delas, seja do mais básico a algo de luxo, se torna algo prazeroso e que proporciona felicidade, o que se torna justificável, visto que vivemos numa sociedade quase 100% trabalhadora, e que conquista as coisas através de muito esforço e garra.
Mas a felicidade não pode estar somente na vitrine de uma loja, ou num pátio de uma concessionária, ou até mesmo numa loja cobiçada de sapatos. A verdadeira felicidade está em nossas mãos, basta percebê-la. Está num abraço de bom dia ao colega, num sorriso carinhoso, num olhar fraterno, num raio de sol que se deixa escapar por entre a copa das árvores, num “eu te amo” de um amigo ou namorado. Ser feliz depende única e exclusivamente de nós mesmos. O que acontece nas nossas vidas hoje, é o que deixamos acontecer. Ninguém faz nada que não esteja com vontade, porque não somos obrigados a fazer nada. Sentimos o que demonstramos, passamos o que passamos porque deixamos. Quem tem o controle de nossas vidas somos nós mesmos, e cabe a nós andarmos ou ficarmos parados. É uma questão de escolha. A vida nos dá grandes  oportunidades para fazermos o que quisermos, e assim como há dois lados para tudo, é uma escolha ficarmos ao lado do bem e caminhar com ele, ou permanecermos num grande buraco de futilidades.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Apenas três palavras

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Com apenas três palavras seria possível expressar um sentimento ou definir uma pessoa? Em alguns casos sim, outros não.
Para algumas pessoas basta apenas um sorriso nos olhos e um discreto nos lábios para saber se está tudo bem. Para outras, é preciso palavras, gramática excessiva, abraços apertados. Para definir um sentimento, ás vezes é preciso somente sentir, se deixar levar pela emoção e pelo que sentimos pela outra pessoa. Com as mães são assim.
Existem todos os tipos de mães. As mais calmas, que levam a vida numa boa, mas estão sempre atentas aos passos dos filhos. As agitadas, que fazem um círculo de proteção em volta das pessoas que gosta. As inteligentes, que mesmo sem perceber, usam seu conhecimento para mostrar coisas simples da vida, aquelas que não precisam de estudo para saber. As humildes, que nos ensinam de tudo um pouco todos os dias. As guerreiras, que mostram que nem sempre para ganhar uma guerra é preciso usar espadas, mas armas da inteligência. As nervosas, brigonas e ciumentas, que engraçado ou não, se encaixam um mesmo “setor” da vida: no fundo, no fundo, amam seus filhos e entes queridos, e o que elas tem, é medo de perdê-los. As tímidas, quietas e simples, que estão presentes no silêncio dos momentos. As vorazes, vigorosas e animadas, que compõe um arco íris por onde passam. As fortes, que mostram que perdas vão acontecer, mas que temos que ter disposição e força para encarar novos desafios. As ausentes, que mesmo ausentes em corpo físico, sem fazem presentes dentro do nosso coração.
Existem todos os tipos de mães. Mas todas podem ser várias numa só. Isso porque, o objetivo de todas em unanimidade, é somente proteção, um amor incondicional, uma força sobrenatural, uma garra dada pela fé que as tornam invencíveis, um doar-se sempre quando necessário, uma simplicidade e emoção ao encarar a vida que nos inspira sempre a melhorar e a construir novos ciclos dentro de nós mesmos.
Por isso hoje, nesse dia das mães, vai uma pequena homenagem, paratodas essas que se tornam uma só, e bastam apenas ouvir três palavras: eu te amo.

domingo, 29 de abril de 2012

Desabafos

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Quando pequeno, sempre reparava numa casa que fica na rua onde meus avós moravam. Ali, nos galhos secos de árvores, diversos papéis, recortes de jornais e revistas, falavam de Deus com belas palavras de histórias e parábolas bíblicas. Nos muros de cimento, palavras tortas e com erros ortográficos eram pintadas de várias cores. Era tudo muito feio, perturbador para uma criança como eu. Os vizinhos também não pareciam muito satisfeitos com aquilo.
Certo dia, enquanto brincávamos, alguns amigos e eu passamos em frente à tal casa, quando uma mulher, aparentando 45 anos ou mais, surgiu sorridente por detrás do muro. Desdenhosos, perguntamos o que era toda aquela bagunça em frente à sua casa, e ela nos respondeu que era um desabafo. Sem compreender, pedimos mais explicações, e ela nos respondeu que iríamos entender quando crescidos. Rimos e debochamos enquanto seguíamos nosso caminho, e enquanto a mulher nos olhava, ainda sorrindo.
A tal mulher ficou gravada em minha mente: era aparentemente saudável, mas transmitia vibrações de fraqueza, insegurança e comodismo, além da visível humildade e pobreza. Estas duas últimas sempre as conheci, mas os sentimentos negativos, tão imperativos, estavam pesando dentro de mim. À medida em que eu crescia, percebia a tal mulher sendo vista como louca, uma doente à toa, esquisita, e, para crianças, uma bruxa sinistra.
Hoje, adultos, meus amigos e eu ainda falamos daquela mulher como uma louca, uma pobre desgraçada, esquecida por todos. Ela continua com seus desabafos em público, fortalecendo ainda mais sua antiga imagem negativa (perante a visão dos outros). Também hoje, meus amigos e eu possuímos nossas contas em redes sociais, e frequentemente compartilhamos fotos, dizeres e referências à quem/àquilo que amamos, odiamos, sobre nossas opiniões, conhecimentos, enfim. Da mesma forma que aquela mulher demonstra em público seu mundo, nas redes sociais demonstramos também nosso mundo, quem somos nós. É um desabafo. E percebo o quanto somos hipócritas em acusar aquela mulher como louca, estranha, como à toa. Assim como nós, ela possui seus motivos, suas necessidades.
Todos queremos e gostamos de nos expressar, faz parte da essência humana, mesmo sendo algo inconsciente. Alguns de forma discreta, outros de forma inusitada, uns mais criativos, outros mais grosseiros, e por aí vai. Este picha muro, aquele pinta camiseta, aquele outro posta coisas na internet, ali alguém escreve num caderno, e aqui ao lado uma mulher pendura mensagens em suas árvores. A pergunta sem resposta é “quem é o louco, e quem é o normal?”, mas a pergunta da qual a resposta é certa é “quem são os hipócritas?”.
Na verdade, se hoje ela tivesse um facebook seria então considerada como normal e aceita pela sociedade.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Um Pouco Nostálgico

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Hoje acordei um pouco nostálgico, à procura de coisas carregadas de bons sentimentos do passado, como a música “Sweestest thing” do U2. Nunca reparei na letra, mas a melodia em si me faz sentir tão bem. Me lembra dum tempo quando não me preocupava com nada. Não me preocupava em estar sozinho, não me preocupava o sexo nem os beijos. Não me preocupava a saúde, nem minhas roupas, meu emprego ou minha formação (profissional/social). Não me preocupavam as dificuldades, nem as facilidades. O melhor disso tudo, é que não me preocupava o tempo. Podia ser qualquer dia da semana, ou qualquer hora do dia, eu apenas vivia. Aproveitava todos os momentos à me divertir com quem chamava em casa ou à brincar sozinho com minhas coisas. Naquele tempo não havia ano ou mês, nem riqueza ou pobreza, nem julgamentos. Era apenas a vida passando, despretensiosa.

Na maioria das vezes estes sentimentos são trazidos por áudios ou vídeos, (o cheiro de Leite de rosas – aquele da embalagem rosa e tampa branca – e de xampu Snoopy também me trazem lembranças boas). Procurei então sentir estes cheiros, ouvir algumas músicas e assistir a alguns vídeos. Interessante que, além de sentimentos, também voltam os mesmos pensamentos de outrora. É como se eu, no passado, tivesse feito uma anotação, uma gravação de sentidos e opiniões daquele tempo, e agora posso resgatar e viver tudo de novo.

Neste momento, percebendo as coisas em torno de mim, me assusto ao pensar em gravar nelas algo de ruim. Não quero isso! Tantas coisas belas estão espalhadas a meu redor, e seria horrível arranhá-las com sentimentos negativos. É preciso resgatar também minha alma de antes, dos anos de 199*, e continuar a fazer com que músicas, vídeos, livros, odores e fotos de hoje levem algo de bom para o amanhã. Onde está aquele meu espírito de antes? Estaria em alguma masmorra? Estaria em coma? Aconteceu algo com ele?

Continua...

http://www.youtube.com/watch?v=5WybiA263bw&ob=av2e


quinta-feira, 29 de março de 2012

Os outros

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O mundo dá mesmo as suas voltas.
No decorrer da vida, conhecemos muitas pessoas e algumas deixam um pouco delas, ficam, outras vão embora e outras só tiram algo de nós.
Engraçado que, nesses encontros e desencontros que a vida e suas grandes voltas se encarrega de dar, mesmo sem querer, mostra o que está errado, o que está certo e o que pode melhorar. Nos habituamos a ouvir e até a falar que a grama do vizinho é melhor que a nossa, sendo que deixamos de admirar o que temos de bom dentro de nós e o bem que fazemos ao outro para poder admirar e se impressionar com o que o outro tem ou faz da vida.
Nesses caminhos retos e tortuosos, nos deixamos levar pelas pessoas, ou nos afirmamos enquanto indivíduos com seu valor, diferenças e peculiaridades. Construímos então nosso castelo de opiniões, aprendemos conceitos, caímos, levantamos, adquirimos coisas, perdemos coisas e o que fica? O que fica no nosso castelo ou no nosso barraco que é a nossa vida?
Fica os sentimentos bons, a certeza de que fizemos algo bacana para nosso crescimento próprio e aperfeiçoamento interno, o aprendizado que temos todos os dias, seja em casa, no trabalho ou nos estudos, nas boas companhias que sabemos cultivar, nos amores conquistados, no caráter que fica impregnado para sempre na nossa personalidade. Isso definirá nosso castelo ou nosso barraco.
O modo com que levamos nossas vidas influenciará diretamente no adulto que somos e que ainda vamos ser, e consequentemente, também influenciará nas pessoas que caminham conosco. Isso porque, a vida é uma construção social, o homem é uma construção social. Está em movimento o tempo todo, está sempre em ação com ele e com o outro, que pode ser seu inferno ou não, como diz um filósofo que “o inferno são os outros.”(Sartre)
O mundo dá mesmo as suas voltas, e talvez seja por isso que ele seja redondo. Então, façamos o melhor para deixar nossa grama mais verde, nosso caráter mais forte e verdadeiro, nossos sentimentos sinceros, palavras transparentes e ações honestas. O que fazemos hoje, refletirá diretamente nas conseqüências do amanhã, e cabe a nós, aceitarmos e arcarmos com as vitórias ou prejuízos; cabe a nós erguemos nosso castelo de humildade ou permanecermos no nosso barraco de prepotência.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Tradução

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Estava eu, numa tarde fina, em que caída uma chuva branca, cristalina, a abrilhantar aquele horizonte torto. Naquela cidadezinha da igrejinha, estava eu ao lado do meu amor.
As cores caíam junto com a chuva, anunciando a chegada da noite e do belo final de semana que estava apenas começando.
Pensei na felicidade, e o quanto eu sempre procurei por ela nos bosques da vida, nos lugares escondidos e nos mais imprevisíveis que já estive. Percebi, que o que eu sempre esperei acontecer comigo, está acontecendo.
Por diversas vezes pensei em contos, em amores que tive, e até naqueles que pensei que teria um dia, mas você é um sonho que está se realizando.
Não há palavras para dizer o tamanho do que eu sinto, mas sempre haverá algo a ser dito aquela pessoa que está mudando aos poucos a minha vida. Sei que minhas palavras soam redundantes, mas é a forma mais simples e sincera que encontrei para dizer o quanto você é importante pra mim. Numa tarde de chuvinha fina, num lugar bonito e tranqüilo, num abraço de saudade ou simplesmente, ficar ao seu lado.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

E essa tal solidão

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Essa tal de solidão é um bichinho pequeno que fica na cabeça, que, se alimentado com pensamentos bobos ele cresce.
Essa tal de solidão é daqueles broches cafonas que até hoje se usa em casacos, daqueles sem cor, brilho e que não complementam em nada na roupa.
Essa tal de solidão é uma pessoa a me perturbar, a conversar comigo e aparecer para os outros. Ela me faz sentir sozinha no meio das pessoas mais queridas, me faz sentir saudade de lugares que nem conheço e me faz ouvir vozes que nem quero ouvir.
Essa tal tem hábitos de vida que realmente me incomodam, e que despertam em mim meu lado mais sujo. Não tenho vergonha de dizer isso, porque ninguém é santo o bastante que não tenha pelo menos um pensamento estranho, ruim, doido.
Essa tal me dá uma liberdade condicionada, e em troca, recebo sua companhia no final da noite: a solidão em carne e osso.
Pode parecer loucura, ou tristeza, mas ninguém é forte o bastante que não tenha sentido essa tal pelo menos uma vez na vida, e tão fraco sempre, que a deixa ficar sempre que tiver vontade.
Ah, essa tal de solidão! Ainda bem que é somente um sentimento momentâneo. Imagina se você fosse uma pessoa? Meus segredos estariam condenados aos ouvidos alheios, minhas grosserias seriam mostradas, e meu lado bruxa sairia voando numa vassoura.
Essa tal de solidão insiste em permanecer. Mas é assim: hoje ela fica, amanhã é outro dia, e estarei na companhia de outra pessoa, bem mais alegre, com certeza.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

E o amor me achou

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E eu que estava escondida, bem ali, debaixo da cama, ele veio e me achou.

Como um monstro a aterrorizar as crianças na infância, com medo do escuro e que ele saísse de algum lugar escondido, foi como fiquei perante a esse sentimento tão bom e ao mesmo tempo tão frágil.

Ele me encontrou como naqueles belos e emocionantes episódios que acontecem na vida da gente, como um bom passeio inesperado nas montanhas para ver o sol se pôr, ou quando comemos um doce bem gostoso. É, ele me encontrou e me amarrou pelo braço dizendo “fica aqui.”

Engraçado como é contraditório. Uns dizem que a gente ama somente uma vez na vida, mas há aqueles que dizem que podemos amar várias vezes de maneiras diferentes. Eu acredito na segunda opinião. Amo algumas pessoas que realmente valem a pena e somam alguma coisa na minha vida, e por isso ela fica cada vez mais colorida, mais emocionante e leve. Graças a essas pessoas presentes e constantes na minha vida é que aprendi e aprendo muito com elas.

Estou sempre a fazer declarações por aí, como um poeta a declamar seus versos debaixo de chuva, mas tanto me encanta e me consome de felicidade, que não me envergonho em fazê-lo sempre que me der vontade. Sinto um certo medo de ficar sem as pessoas que amo e tenho a necessidade de dizer a elas constantemente, sem medo de parecer fraca, ou boba, ou infantil. É a forma mais pura que encontrei para dizer aos meus que os amo, que sou feliz por tê-los na minha vida e agora pela chegada do mais novo membro do meu corpo, dos meus pensamentos, do meu coração.

A essa pessoa a quem me refiro, é você mesmo. Sabe quem é, mas acho que não sabe o tamanho do “estrago” que fará a partir de agora. Já era, estou dentro, de todos os lados, perdida, como se fosse me encontrar. São voltas e voltas para dizer o que você já sabe, então, eis aqui.