Os dias continuam nublados. A tempestade
ainda é temida. Mesmo em dias de sol, ainda é possível sentir um vento gelado.
Não são os mesmos ventos frescos de antes, mas ventos mais fortes, de gelar a
nuca. As nuvens parecem querer mostrar algo, seriam avisos ou apenas desenhos? É
difícil decifrar suas formas. Um tornado já passou, e está lá atrás daquele
morro. Poderia ele retornar e levar novamente nossos ânimos? Aí está o medo. Raios
de sol passam por alguns dos buracos acidentalmente deixados pelo emaranhado de
algodões celestes, estes raios que enobrecem as paisagens, aliviam as vistas e
o coração, lembram da existência dum motivo maior, um motivo pai, preparador de
cada gota a cair sobre o planeta, direcionando-a para molhar o devido local de
impurezas. O dia cinza acontece por motivos nobres, pois o tempo não depende do
homem, mas da natureza, e esta grande e sábia mãe mantêm as nuvens pesadas
sobre a cabeça dos povos, e encharca suas almas nos momentos mais propícios, lavando
as faces, congelando os corpos, fazendo-os tremer e ranger os dentes, e sentir
o coração palpitar ininterruptamente a vida. Mas mesmo quando as nuvens vão se
recolhendo, e os raios de sol tentam colorir um pouco o cinza predominante, os
ventos continuam gelados, o céu continua cinza. E o brilho dum arco-íris tenta
manter aquecidos aqueles esperançosos em viver novamente os dias quentes de
verão. Mas, à tarde, essas cores se desfazem e os ventos gelados voltam a
anunciar incerteza: virá uma noite tranquila de céu estrelado, ou uma noite de
turbulência e desconfiança? E vidas continuam nubladas...
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