sábado, 14 de julho de 2012

Vidas continuam nubladas



Os dias continuam nublados. A tempestade ainda é temida. Mesmo em dias de sol, ainda é possível sentir um vento gelado. Não são os mesmos ventos frescos de antes, mas ventos mais fortes, de gelar a nuca. As nuvens parecem querer mostrar algo, seriam avisos ou apenas desenhos? É difícil decifrar suas formas. Um tornado já passou, e está lá atrás daquele morro. Poderia ele retornar e levar novamente nossos ânimos? Aí está o medo. Raios de sol passam por alguns dos buracos acidentalmente deixados pelo emaranhado de algodões celestes, estes raios que enobrecem as paisagens, aliviam as vistas e o coração, lembram da existência dum motivo maior, um motivo pai, preparador de cada gota a cair sobre o planeta, direcionando-a para molhar o devido local de impurezas. O dia cinza acontece por motivos nobres, pois o tempo não depende do homem, mas da natureza, e esta grande e sábia mãe mantêm as nuvens pesadas sobre a cabeça dos povos, e encharca suas almas nos momentos mais propícios, lavando as faces, congelando os corpos, fazendo-os tremer e ranger os dentes, e sentir o coração palpitar ininterruptamente a vida. Mas mesmo quando as nuvens vão se recolhendo, e os raios de sol tentam colorir um pouco o cinza predominante, os ventos continuam gelados, o céu continua cinza. E o brilho dum arco-íris tenta manter aquecidos aqueles esperançosos em viver novamente os dias quentes de verão. Mas, à tarde, essas cores se desfazem e os ventos gelados voltam a anunciar incerteza: virá uma noite tranquila de céu estrelado, ou uma noite de turbulência e desconfiança? E vidas continuam nubladas...

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