segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Perda*

É difícil lidar com perdas. Mais difícil ainda é quando se trata da perda de uma pessoa, e ainda pior quando se trata de perder alguém que ainda está vivo. Durante toda a vida enfrentamos esse tipo de perda. Várias pessoas já passaram por nossos círculos sociais, e é comum pegarmos uma fotografia e pensar “Veja fulano! Éramos bons amigos. Que saudade! Bons tempos aqueles”. Mas, afinal de contas, em que consiste a perda?

A perda não está relacionada com a distância, pois é possível se estabelecer fortes laços com entes queridos a muitos quilômetros, enquanto nem se dá conta da situação do seu visinho. A perda de alguém ocorre quando uma das partes já não se satisfaz com a outra, ou ambas não se satisfaçam simultaneamente. Perder alguém acontece por não se estar mais atendendo às necessidades daquela outra pessoa, e vice versa.

Tenho amigos em estados e até mesmo em regiões diferentes da qual vivo, e mesmo assim mantenho relações diretamente. Um processo mútuo, no qual sabemos como está a vida de cada um. Por outro lado, infelizmente existem pessoas que faziam parte do meu círculo social, moram praticamente ao meu lado e não sei mais nada delas, e quando juntos não temos assunto.

Na maioria das vezes a perda de alguém só é percebida depois de algum tempo, pois ela ocorre gradativamente. Não se perde da noite para o dia: na medida em que os costumes, pensamentos e objetivos não são mais compatíveis com o mundo da outra pessoa, a perda então inicia seu processo. Sendo assim, ela é mesmo triste e difícil, porém algo natural na vida, e portanto não pode ser necessariamente ruim. De repente, pode contribuir ainda mais para nossas vidas.

A perda ocorre com quem não mais participa de nossas vidas, seja por desinteresse ou por incompatibilidade de objetivos. Assim, a estes não podemos chamar de amigos. Amigos são amores, e amores são pro resto da vida. Todos temos amigos com os quais podemos conversar por horas sem perder assunto, que podemos visitar sem nos sentir constrangidos. Mas quando se perde alguém, se perde um não amigo, alguém que deixa os laços se arrebentarem por ter se mudado de cidade, de emprego, de curso, ou de outras obrigações sociais.

Portanto, se alguém deixa os laços se desfazerem, a amizade se esvair, a perda é triste, mas não é ruim. Pois relações devem ser mantidas com os quais contribuem para nossa vida, com quem nos fazem felizes sempre. Sempre, essa é a palavra. Esqueça os sentimentos efêmeros, esqueça o passado. Concentre-se no agora, ele é a chave para o depois. É nele (no agora) que ocorrem os principais fatos de nossas vidas.

*Inspirado no texto homônimo, postado anteriormente por Bianca (clique aqui para visualizar).

5 comentários:

  1. Taí, gostei... acho que foi no ponto, não tem muito mais o que falar... então, sendo assim só resta parabenisar pelo blog, muito bom, quando der visitem o meu: alberto-lopes.blogspot.com...

    abraços.

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  2. Embora o comentário tenha vindo mais tarde, adorei!!! Você consegue fazer uma explanação mais crítica de certos assuntos, enquanto eu, faço uma abordagem mais romântica...rs.

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  3. A perda nem sempre se relaciona com a partida de alguém. Perder alguém também se relaciona com motivos psicológicos, como desconfiança, ciúme,enfim, vários empecilhos. E como diz Stephen King em "Cemitério Maldito":a morte às vezes é o melhor caminho. Se perda fosse somente a ida sem retorno de uma pessoa, seríamos mais felizes. Pior é perder alguém vivo "vivo", ou seja, aquele que continua entre nós mas já não está mais com a gente. Amarga o nosso viver, a nossa vontade das coisas... A decepção é a pior perda.E o pior da vida é a inevitabilidade do desenrolar dos caminhos. Isso sempre acontece. Perdemos pessoas vivas.

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  4. Realmente, a perda nem sempre se relaciona com a partida de alguém. Como eu disse em meu texto "a perda de alguém ocorre quando uma das partes já não se satisfaz com a outra, ou ambas não se satisfaçam simultaneamente", e isso inclui os motivos psicológicos. Concordo com você, a decepção é a pior perda, a perda de pessoas vivas é a que mais dói... Valew pelo comentário, Breno!

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